Recolhi uma folha no caminho da cidade para a floresta. Bem à esquina havia um bar, e o pessoal local me disse: isso é embaúba. Anotei em um papel, e segui andando. Depois, descobri que essa árvore é de extrema resistência.
Ela vive pouco, uns vinte e cinco anos, mas sobrevive a qualquer solo. Maior foi a surpresa, ao saber que aquelas folhas prateadas vistas ao longe no meio da floresta são ela. Para os nativos dessa terra, ela é também chamada de umbaúba ou de árvore oca, pois ela é oca por dentro. Em seu interior-oca, vivem formigas em simbiose.
Meu objeto antena foi criado a partir da folha dessa árvore. Sobre ela, desenhei os fractais de Koch e uma coroa em círculo. Uma antena é bem mais que uma coisa utilitária. Assim como as árvores na floresta, que se comunicam entre o mais profundo da terra e do ar, a antena é um corpo-casa. É doadora e receptora, mãe e filha, casa e universo.
Criei essa antena-oca com minhas próprias mãos, tecendo no ir e vir, uma teia de conexão. Foi uma prática lenta e meditativa e que envolveu um coletivo de seres, objetos e espaços. O que ela virá a ser é um instrumento de escuta, mas ela já é uma costura amplificada do invisível. Talvez com ela seja ainda possível ouvir o que as raízes de uma floresta têm a nos contar, e nos fazer lembrar da teia infinita de comunicação sem wifi – isso que a cidade, com seu processo civilizatório, insiste em nos fazer esquecer.
Realização
Produção