Quem escuta a floresta?

Foi este o ponto de partida para a primeira edição dessa residência, o ponto mais óbvio e visível quando pensamos no Rio de Janeiro. Poderíamos ter começado pelas raízes, pela infraestrutura, mas deixamos isso para uma próxima vez. Por enquanto, mergulhamos no verde e nas inúmeras práticas que já existem para cuidar da vida nesta cidade, a partir das plantas, do corpo e da ressonância entre cheiros, sons e sabores. São formas de coletividade que organizam o encontro entre o cinza do concreto e o verde das plantas, que muitas vezes se dá pelo conflito. Que história se revela e se esconde atrás desse verde deslumbrante distribuído de uma forma tão desigual nesta cidade?

A partir desse encontro, procuramos aprofundar a troca entre arte e ciência e ampliar o imaginário da cidade, a convivência entre espécies. Contra o inverno artificial da economia dominante, com seus ciclos de crises, queremos entender como a floresta tropical, sob condições favoráveis de estabilidade ecológica, conseguiu criar um ambiente de uma diversidade máxima: de espécies, de formas de vida, uma relação de constante troca, comunicação e colaboração. A floresta é bem mais colaborativa do que competitiva, e não aprendemos sobre isso na escola. Ela produz uma inteligência planetária ainda pouca conhecida. Que cidade podemos imaginar a partir dessa observação? A cidade consegue aprender algo com a floresta? Quem vai na frente na transição da cidade fábrica para a cidade floresta? Quem escuta a floresta?

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