Txai, que assim seja é uma ação artística dentro do processo criativo de “Matafunda”, obra em processo que tem como ponto de partida repensar crítica e historicamente a expedição Langsdorff, ocorrida no Brasil durante o século XIX. Nesta ação artística, realizamos duas imersões na Floresta da Tijuca, com duração de 8 horas cada e com registro audiovisual, onde traçamos em grupo o mesmo trajeto dentro da Mata Atlântica. O resultado são dois vídeos a serem exibidos simultaneamente, em duas telas. Na primeira tela, caminhamos e escutamos Gesileu Phaspy Ninawa, um caboclo, mestre em medicinas da floresta amazônica, que cultiva em sua residência em Rio Branco, Acre, uma farmácia viva. Gesileu aprendeu os usos e preparos das substâncias medicinais em tradições de povos indígenas como Huni Kuin e Yawanawa. Neste trajeto, o deslocamento do tempo da cidade para o da floresta – como afirma Gesileu – requer a constituição de uma outra sensibilidade e atenção capazes de realizar a “leitura” efetiva dos sinais e dos rastos na mata. Na segunda imersão, em diálogo com as histórias, cantos e medicinas de Gesileu, artistas realizam o mesmo percurso, tendo como objetivo performar uma resposta poética em interação direta com a Mata Atlântica. Concomitantemente, ao norte do Atlântico, em Berlim, em um ambiente urbano, Raquel Villar e Remo Trajano reagem às provocações do caboclo Gesileu, formulando a seguinte proposição: “Como ser possuído pela floresta?”.

Ficha Técnica

Com Gesileu Phaspy Ninawa
Criação de Marco André Nunes e Pedro Kosovski
Colaboração artística: Raquel Villar e Remo Trajano
Artistes Convidades: Blackyva, Cuini da Silva, Eduardo Ibraim e Felipe Oládélè
Câmera e edição: Diego Avila